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terça-feira, 11 de outubro de 2011

ser e ainda nada por ser

ser
e ainda nada ser por nada
estar e ainda
por vir a ser
então
tomando fanta 
quanta uva
manta de lã
touca de luz na cabeça
neon
fluorescente


ser então 
por que
para que
de onde
perguntas
questões em mente frente única
calcinhas em mente
verso 
nu
verso
nu
verso


todo dia impuro
casa de santo barroco
inútil
mente
crente
ente
por vir a ser
descrente
em tudo o que o amor desmente


eu não sabia
que o saber mente
quando
frente a frente
tente
com
você nova
mente
mente
mentiras puras
e suspira verdades
caladas


ser o 
nada
ser


ser o nada 


ser ou nada


tudo ainda por vir
futuro
luminoso
novo
controverso
contra luz
contra tudo
a favor de noivas
puras
e brancas
sem véus nem manhas
só calcinha
branquinha


umas puras
outras vivas
noutras
flores sem espinhos


vigilante
a postos
sentido
soldado aranha
capitão piranha
numa ilha
vazia de gente
vazia no mundo
vazo
vazante
vasectomia
livre de si
por si só
vasodilatante
vaso
raso
passo a passo
a traz
adiante
nascer
correr
beber e vomitar
o seu futuro
metafísico


ontologia
da fuga


metafísica do
recém chegado


dialética
do inútil


filosofia
amiga da dor primata
consciência de inábeis cores
assassina
de amores


hermenêutica
de mim


ciência
de você


pragmático
instantâneo
instantinho

por
mim.







quinta-feira, 6 de outubro de 2011

perturbado alaranjado

brincar até o mundo acabar
sorrir até o mundo parir
esquecer até me lembrar
andar até que ronde 
pulsar até que morra
morrer até que nasça
nascer até que engasgue
comer até que tenha fome
fingir até que pareça sério
correr até que cansado, sente
beijar até que molhado, se seque
arroz até que feijão em alho queimado


piscina mesmo em dia cinza
pão mofo
até que mãos toquem
toquem os sinos
toquem as maçãs
toquem os joelhos
troquem o dinheiro
quero troco
até seu moço
até seu dia
até um dia


até que fique carne no pescoço
até que 
eu
vivo
morto
encare teu rosto
sem dó
nem 
medo
em frangalhos
desossado de uma mente pura
e nutra
por ti
ainda que sem ti
mas 
todavia longe
distante
de toda atenção 
sofrida
diluída em dias
gastos
no pasto
eu coma
eu chupe
eu beba
eu mate
coma eu
chupe eu
mate eu
mate leão de erva preta
chupe bala doce com corante azul escarlate
beba cruel teu leitinho
como mansinho teu macarrão instantâneo
em dias
passados assim
enfim
passados


de longe 
nem o cheiro
de longe nem os passos
me levam de volta de onde eu vim
nem você
monstro manso interior
desperta em 
antártica gelada
me lava 


pra terra do desamor
não volto
não me levem


me queimo ao pensar
vítima do desassossego 
sossego ao lembrar
passos no escuro
escureço ao pensar
laranja
laranjado
perturbado
perturbado alaranjado
paulado

domingo, 2 de outubro de 2011

exú tranca ruas das almas


lama


juizo final - nelson cavaquinho 1973


nós os mesmos



ensimesmados
mamando na teta da vaca mãe
sob o mesmo giral
em que ela pariu
belzebus
desnutridos.


serpentes
voadoras
dançando enroscadas
em guarda-chuvas abertos
translúcidos
em dias que a chuva não cai
não molha
não verte
não teima
sua aventura




arrastar-se
serpenteando
cruel
devoradora
em cima de carne morta


isso assim
meigo
humano e doce
carnificina


devoras carne podre
burguês pobre
sem conta no banco
a espera de algum trocado


"...pra dar garantia"


a crueldade lhe cai bem
combina com seus olhos 
orna com tua boca
respira fundo
tudo
indo


deveras humano
fraco
tardio em febre
cospe saladas doces


ovos e mel


não preciso nem ovos
nem mel


mato minha fome com formigas
vivas
entram em mim vivinhas
caminham dentro
em fila
carregando nódulos
bolas de sangue


prefiro crianças malvadas
matam formigas.









você.